Foram beneficiados 89 produtores de 52 municípios. Além do benefício financeiro – o valor desse volume equivale a cerca de R$ 2,15 milhões – há um ganho ambiental e de produtividade. E a Sanepar também deixa de destinar esse material para aterros sanitários.
Estudos apoiados pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp) indicam que a implementação de práticas mais sustentáveis de manejo do solo, como plantio direto e uso de insumos biológicos à base de resíduos orgânicos, ajuda a aumentar a eficiência e reduzir o uso de minerais críticos para a agricultura, como o fosfato.
Os principais nutrientes do lodo distribuído pela Sanepar são nitrogênio, fósforo, enxofre, cálcio e magnésio, importantes para o desenvolvimento das plantas. Usada na higienização do lodo, a cal virgem contribui para a correção do solo nas áreas onde tem sido aplicada.
Foram essas características que convenceram o agricultor João Angelo Costa Gomes a utilizar pela primeira vez o lodo em 200 hectares de área arrendada na região de Ponta Grossa, nos Campos Gerais. “Eu teria que aplicar calcário para fazer a correção. Isso me custaria R$ 58 mil. E a matéria orgânica, que vem junto com o lodo, funciona como adubo. Mas, para mim, o principal é fazer a correção que vai elevar cálcio e magnésio do solo”, disse.
Ele está aplicando o lodo para fazer adubação verde, com nabo e milheto, a fim de preparar a terra para o plantio de trigo, no inverno, e de soja, no verão.
No município de Ipiranga (Campos Gerais), a produtora Marli Scheifer aguarda o lodo para usar, pela primeira vez, em 126 hectares, e fazer a correção do solo. “Vou fazer cobertura com nabo forrageira para o plantio do trigo. Fui atrás de matéria orgânica porque é importante para o solo e tive a indicação de um produtor conhecido que usa o lodo há bastante tempo. Fiquei um pouco apreensiva, a princípio, mas ele me recomendou e achei interessante porque vi que, além da correção, o lodo tem mais benefício”, afirma.
Para determinar a quantidade do lodo a ser aplicado na propriedade de Marli, o engenheiro agrônomo da Sanepar Rebert Skalisz fez a coleta do solo e encaminhou o material para análise laboratorial. A partir das características do solo, será calculado o volume a ser aplicado.
Todos os lotes de lodo recebem tratamento para eliminar patógenos, com aplicação de cal virgem, tornando-se 100% seguro para o seu manuseio. O material também passa por análise laboratorial. Os resultados são encaminhados para o Instituto Água e Terra (IAT), que faz avaliação e liberação para uso na agricultura.
Em todo o Estado, a Sanepar tem 36 unidades de gerenciamento de lodo, que recebem o material gerado nas estações de tratamento de esgoto. A aplicação do lodo é conduzida por engenheiros agrônomos da Companhia que fazem parte da Gerência de Gestão Ambiental, submetida à Diretoria de Meio Ambiente e Ação Social.
PROGRAMA – A Sanepar desenvolve o Programa de Uso Agrícola do Lodo de Esgoto desde 2007. Nesse período, foram aplicadas cerca de 400 mil toneladas de lodo. Isso equivale a cerca de R$ 60 milhões em benefício para a agricultura paranaense, além da disposição ambientalmente correta, em vez de serem lançados em aterros sanitários.
O programa já foi indicado como referência pela ONU e visitado por profissionais de outras companhias de saneamento dos estados da Bahia, Mato Grosso, Rio Grande do Sul, Espírito Santo, Santa Catarina, Minas Gerais e Goiás. Interessados em receber o lodo agrícola devem enviar email para lodoagricola@sanepar.com.br.